SINDICATO DOS FISCAIS ESTADUAIS AGROPECUÁRIOS DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL

19 de maio de 2024 15:17

Controle químico e manejo cultural são as melhores estratégias para combater Amaranthus palmeri

Nas últimas semanas foi identificado no município de Naviraí, no Mato Grosso do Sul, um foco de Amaranthus palmeri (ou caruru-gigante, como também é conhecido), uma planta daninha exótica, de crescimento rápido e que causa grandes perdas nas lavouras. Em 2015, um foco havia sido identificado em Mato Grosso e a Embrapa atuou no grupo liderado pelo Indea para o controle e erradicação da espécie. Pesquisas realizadas no local mostraram que a associação entre o controle químico e cultural é a melhor estratégia para o controle.

A pesquisa também indicou que a rotação de culturas e de controle de ação de herbicidas também são fundamentais para evitar novas seleções de resistência. Os resultados do trabalho estão disponíveis na publicação “Estratégias de controle de Amaranthus palmeri resistente a herbicidas inibidores de EPSPs e ALS” da  Embrapa Agrossilvipastoril .

Embora esteja em processo de erradicação em Mato Grosso, o Amaranthus palmeri preocupa os produtores. Além de ter grande potencial de se disseminar pelas lavouras, chegando a produzir até 600 mil sementes por planta, o invasor possui resistência múltipla a herbicidas inibidores da EPSPs e da ALS. Nenhum biótipo encontrado em Mato Grosso foi constatada resistência a glifosato (glyphosate), chlorimuron-ethyl, cloransulam-methyl e imazethapyr.

Classificada como uma planta do tipo C4, o Amaranthus palmeri tem crescimento acelerado e compete com a cultura agrícola por água, nutrientes, espaço, luz e CO2. Nos Estados Unidos, onde a ocorrência é mais comum, chega a causar queda de 79% na produtividade da soja, 91% na do milho e 77% na do algodão, conforme dados de pesquisas norte-americanas. Na Argentina, a planta daninha já está bem alastrada, com caso registrado de resistência ao glifosato, o que representa um risco permanente para as lavouras brasileiras.

Pesquisa

Para se chegar às recomendações, foram testadas medidas de controle em sistemas produtivos com a sucessão soja-algodão e na cultura do milho. No caso do controle químico, foram usados ​​herbicidas com diferentes controles de ação em pré-emergência e pós-emergência. Na cultura do milho, além do controle químico, foi avaliado o consórcio com capim Marandu.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Algodão,  Sidnei Cavalieri, somente o uso da braquiária já foi responsável por controlar 80% da emergência das plântulas. Isso ocorre devido à cobertura do solo e sombreamento causado pela forrageira durante o ciclo do milho. O uso do capim ajuda também no controle da espécie nos cultivos subsequentes, devido à manutenção da cobertura morta sobre o solo, fazendo o papel de barreira física que impede o desenvolvimento de invasoras.

O resultado já seria considerado para a maioria das plantas daninhas, porém, considerando-se o potencial de infestação e busca pela erradicação do Amaranthus palmeri, é recomendado obter eficiência ainda maior. Assim, são recomendadas a associação com o controle químico, tanto com aplicação de herbicidas em pré quanto em pós-emergência. Para eficácia de 100% no controle, a pesquisa mostrou que nas áreas de consórcio com milho, as melhores alternativas de herbicidas a serem usados ​​são atrazine em pré-emergência e uma combinação de atrazine com tembotrione em pós-emergência.

“Se levarmos em consideração todos os benefícios da palhada para o sistema produtivo, com aumento de matéria orgânica do solo, ciclagem de nutrientes, retenção de água, entre outros, essa estratégia se mostra a melhor alternativa para o controle do Amaranthus palmeri”, afirma Cavalieri.

A pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Fernanda Ikeda, destaca ainda que os estudos indicam que o uso do consórcio de milho com braquiária também estimula o controle biológico da planta daninha feita por insetos. Nas observações feitas em campo, a redução na infestação ocorreu provavelmente por inimigos naturais foi de 60% com o consórcio, enquanto com o milho solteiro foi de 30%.

Já na sucessão soja-algodão, dentre os herbicidas avaliados, a pesquisa mostrou que a alternativa mais eficaz é a combinação da aplicação de pendimetalina em pré-emergência com lactofen ou fomesafen em pós-emergência, na cultura da soja. Em ambos os casos, o nível de controle superou 93% aos 14 dias após a última aplicação de ambos. Na cultura do algodão, os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de s-metolacloro ou trifluralina em pré-emergência, combinado com amônio-glufosinato em pós-emergência, com eficácia acima de 96% aos 14 dias após a aplicação.

“Procuramos avaliar a utilização de combinação de herbicidas de controle de ação diferente com o objetivo de minimizar o risco de seleção para a resistência a herbicidas. Uma forma de se fazer isso é por meio da rotação de culturas, assim somamos aos benefícios do controle cultural e reduzimos a pressão de seleção”, ressalta Ikeda.

Texto: Gabriel Faria/Embrapa Agrossilvipastoril

Foto: Fernanda Ikeda

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